quarta-feira, 7 de março de 2012

A Medicina na Idade Média


A medicina medieval cresceu ligada à Igreja, sendo fortemente influenciada pelas convições religiosas. Os religiosos assumiram o controle da arte de curar através de medicamentos e deixaram para os barbeiros, que já lidavam com a navalha, a arte de drenar abcessos e retirar pequenas imperfeições da pele. No século VI, em Monte Cassino (entre Roma e Nápoles), um nobre italiano chamado Benedito de Nursia fundou uma comunidade monástica denominada Ordem Beneditina. Seus membros faziam votos de pobreza, castidade e obediência, aperfeiçoaram o ofício da caligrafia e do iluminismo, e transcreveram textos gregos e latinos remanescentes. Em Monte Cassino, como em toda a Europa, o primeiro médico medieval foi um padre ligado a alguma ordem religiosa.A medicina monástica era simples e praticada por monges que apenas conheciam a medicina popular, extraindo remédios das ervas medicinais cultivadas nos jardins dos mosteiros. O declínio da medicina monástica deu-se no século XII, quando as autoridades eclesiásticas recearam que os monges estivessem por demais afastados de seus votos religiosos por razão de seus deveres médicos. No início do século XIII, as atividades médicas foram banidas dos mosteiros, passando o conhecimento médico da época a ser transferido para escolas e universidades leigas. A partir desta época,os hospitais floresceram em toda a Europa, em especial pela influência e interesse pessoal do Papa Inocêncio III, que fundou, em 1204, um grande hospital em Roma. Os hospitais do Espírito Santo, como ficaram conhecidos, surgiram em diversas cidades: em Paris, o Hôtel-Dieu, ao lado da catedral de Notre Dame; o Hospital de São Bartolomeu e o Hospital de São Thomás, ambos em Londres.
Peste Negra na Idade Média

Meados do século XIV foi uma época marcada por muita dor, sofrimento e mortes na Europa. A Peste Bubónica, que foi apelidada pelo povo de Peste Negra, matou cerca de um terço da população europeia. A doença mortal não escolhia vítimas. Reis, príncipes, senhores feudais, artesãos, servos, padres entre outros foram atingidos pela peste.

A peste espalha a morte pela Europa

Nos porões dos navios de comércio, que vinham do Oriente, entre os anos de 1346 e 1352, chegavam milhares de ratos. Estes roedores encontraram nas cidades europeias um ambiente favorável, pois estas possuíam condições precárias de higiene. O esgoto corria a céu aberto e o lixo acumulava-se nas ruas. Rapidamente a população de ratos aumentou significativamente. Estes ratos estavam contaminados com a bactéria Pasteurella Pestis. E as pulgas destes roedores transmitiam a bactéria aos homens através da picada. Os ratos também morriam da doença e, quando isto acontecia, as pulgas passavam rapidamente para os humanos para obterem seu alimento, o sangue. Após adquirir a doença, a pessoa começava a apresentar vários sintomas: primeiro apareciam nas axilas, virilhas e pescoço vários bubos (bolhas) de pus e sangue. Em seguida, vinham os vómitos e febre alta. Era questão de dias para os doentes morrerem, pois não havia cura para a doença e a medicina era pouco desenvolvida. Vale a pena lembrar que, para piorar a situação, a Igreja Católica opunha-se ao desenvolvimento científico e farmacológico. Os poucos que tentavam desenvolver remédios eram perseguidos e condenados à morte, acusados de bruxaria. A doença foi identificada e estudada séculos depois desta epidemia. Relatos da época mostram que a doença foi tão grave e fez tantas vítimas que faltavam caixões e espaços nos cemitérios para enterrar os mortos. Os mais pobres eram enterrados em valas comuns, apenas enrolados em panos. O preconceito com a doença era tão grande que os doentes eram, muitas vezes, abandonados, pela própria família, nas florestas ou em locais afastados. A doença foi sendo controlada no final do século XIV, com a adoção de medidas higiénicas nas cidades medievais.    
Higiene
Durante a Idade Média, um dos aspectos mais fundamentais da higiene, o banho, era considerado prejudicial se tomado em excesso. E “banhar-se em excesso” geralmente significava fazê-lo mais de duas ou três vezes por ano, antes da Páscoa e do Natal.
Nas áreas urbanas, os dejectos e a água usada eram simplesmente atirados pela janela, muitas vezes na cabeça do transeunte que estivesse a passar. As roupas eram lavadas, geralmente, duas ou três vezes por ano, devido ao custo do sabão e, consequentemente, viviam infestadas de pulgas, percevejos, piolhos e traças. Quem mais corria risco eram os recém-nascidos, já que as mulheres costumavam forrar as camas com lençóis sujos e velhos para dar à luz, pois assim não estragavam os bons. Cerca de um terço das crianças morriam antes de completar um ano e muitas outras antes dos dez anos. De cada dois nascimentos bem-sucedidos podia resultar um único adulto saudável. As casas eram ninhos de ratos, que disputavam com os animais de criação os restos de comida.A dieta não existia, consistia basicamente de cereais, na forma de pão. Vinho, carne, peixe, legumes, gorduras e queijo, não passavam de “acompanhamento”. As classes mais abastadas tinham direito ao pão fino, enquanto os pobres comiam o pão escuro, ou mesmo o chamado “pão de escassez”, feito de aveia.
A verdadeira causa da doença era ignorada. Mesmo no final da Idade Média a medicina preventiva limitava-se ao isolamento e quarentena. Atribuía-se quase tudo à influência dos astros, e não era raro que os médicos mais famosos fossem também astrólogos. Para os pobres e ignorantes, a resposta era bem simples: todos os males eram castigos de Deus, irado com os constantes pecados cometidos pelo homem. Para quase tudo receitava-se a sangria, além de infusões herbais e misturas estranhas, quase sempre inócuas. O pensamento médico, preso à teoria das influências astrais, ressaltava o ar como o meio de transmissão das doenças, principalmente as pestes.
A doença fazia parte da vida quotidiana. Para muitas enfermidades não havia tratamento, e os doentes aceitavam que tinham simplesmente que viver com elas.
Anabela Martinez

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